Kleber Pimentel

Kleber Pimentel

domingo, 29 de dezembro de 2013

Sobrediagnóstico - Todo mundo está doente!!!???

Achei importante chamar atenção desta situação: O sobrediagnóstico ou superdiagnóstico!

Estamos realizando exames ditos "rotineiros" onde encontra-se pequenas alterações e que podem ser interpretadas como doenças de importantes, quando na verdade pode nem ser doença ou ser uma alteração de exame que não terá repercussão clínica!

Um exemplo são os exames de tireoide onde se detecta nódulos pequenos (exemplo: menos de 10 mm) e que vão direto para punção por agulha fina. O resultado anatomopatológico vem como Carcinoma papilífero (um câncer). Mas este é um câncer que pode não se desenvolver ou se desenvolver muito lentamente, contudo o paciente assustado resolve fazer a cirurgia de retirada da tireoide (Tireoidectomia).
Quais os riscos que este paciente passou?

  1. Punção - embora seja um procedimento seguro, mas podem haver complicações como: hematoma, punção de carótida (artéria importante que passa pelo pescoço).
  2. Cirurgia - retirada da glândula que pode ter como complicação lesão do nervo laríngeo recorrente  levando a paralisia de prega vocal e comprometimento da voz.
  3. Medicação - com a retirada da glândula o paciente terá que fazer reposição hormonal por toda vida.
Mas mesmo assim questionamos! Não é um câncer? Sim, entretanto este câncer tem uma sobrevida, em 30 anos, se não tratado, de 95%, é o câncer mais frequente de tireoide sendo cerca de 95% dos cânceres de tireoide.
Não acho que devamos deixar de fazer exames preventivos, mas que tenhamos cuidado com o que vamos dizer aos pacientes e como vamos conduzir os achados dos exames!
Assim conclamo a todos para uma reflexão e necessária discussão!
Fui motivado a fazer esta postagem por causa do artigo do BMJ : British Medical Journal, renomada revista britânica na área da saúde, que tem uma versão traduzida pelo Grupo A e que foi publicado no link abaixo (está em português) :

Prevenindo o sobrediagnóstico: como parar de prejudicar pessoas saudáveis
Foto da revista com o artigo original.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Gestação ectópica cornual ou intersticial e Metotrexato

O que é?
É a gestação que se implanta no corno uterino (poderíamos dizer, a grosso modo, que é a passagem entre o útero e trompa). Também chamada de gestação intersticial.

Qual é o problema?
Como não está na cavidade uterina, com o crescimento está gestação tende a romper e causar uma hemorragia profusa, pois é uma área bastante vascularizada e o miométrio nesta topografia é mais fino.

Qual a taxa de mortalidade?
Pode chegar a 2%.

Como é feito o Diagnóstico?
Por ultrassonografia, mas habitualmente é muito difícil e as vezes necessita de outros exames como a ressonância magnética e até a laparoscopia.

Quais os fatores de risco?
Gravidez ectópica prévia
Salpingectomia prévia
Anormalidade uterinas
Fertilização
Doenças sexualmente transmissíveis
Indução da ovulação

Quais as opções de tratamento?
Cirurgia via aberta – com o risco de sangramento profuso, cirurgia mais difícil pela localização e vascularização e risco de ruptura em gestação futura. Pode ser necessário histerectomia.
Cirurgia laparoscópica – Pouco recomendada por causa da dificuldade técnica e grande vascularização local.
Metotrexato sistêmico – Baixa taxa de sucesso embora mais conservadora.
Laparoscopia ou histeroscopia seguido por Metotrexato administrado direto no saco – parece reduzir risco de sangramento.

*Fisch et al considerou o uso do metotrexato seguro no tratamento da gestação ectópica cornual.

 Não há um consenso no tipo de tratamento da gestação ectópica cornual.

CONTRAINDICAÇÕES DO METOTREXATO 



Tabela do tratamento com Metrotexate
Dose única

 Múltiplas Doses

OBS: tem uma publicação prévia deste blog que indica um link com um aplicativo para o cálculo da área corpórea.


Links complementares:
TOG release: Managing and treating cornual pregnancies -2007. http://www.rcog.org.uk/news/tog-release-managing-and-treating-cornual-pregnancies.
Medical treatment of ectopic pregnancy: a committee opinion Fertil Steril. 2013 Sep;100(3):638-44. doi: 10.1016/j.fertnstert.2013.06.013. Epub 2013 Jul 10.
Faraj R, Steel M. Management of cornual (interstitial) pregnancy. The Obstetrician & Gynaecologist 2007: 9 :249-255.
Ectopic Pregnancies in Unusual Locations. http://www.medscape.com/viewarticle/557082_4.
Kurt T. Barnhart, M.D. Ectopic Pregnancy. N engl j med 361;4 nejm.org  july 23, 2009
Fisch J D. Ortiz B, Tazuke S, Chitkara U, Giudice L. Medical management of interstitial ectopic pregnancy: a case report and literature review. Hum Reprod 1998; 13(7): 1981-1986



domingo, 15 de dezembro de 2013

Hidronefrose Fetal

Hidronefrose fetal



O que é?
Ø  É a dilatação do pelve renal.
Qual a sua frequência?
Ø  Encontrada em cerca de 1% dos fetos (Fonte: Nicolaides,K & Pilu,G, 1999).
O que significa?
Ø  É considerado um marcador menor para cromossomopatias, pode ser o sinal de uma uropatia obstrutiva ou pode ser uma dilatação transitória.
Pensando em alteração qual o cuidado a ser tomado no momento de informar ao paciente?
Ø  Pode haver hidronefrose transitória devido ao relaxamento da musculatura lisa do trato urinário em resposta aos hormônios maternos circulantes ou hiper-hidratação materno-fetal (Nicolaides,K & Pilu,G, 1999).
Qual a evolução?
Ø  A maioria dos casos se resolvem ou ficam estáveis no período neonatal.

Quais os valores de referência para considerar um pelve renal fetal dilatada – medidos no diâmetro anteroposterior da pelve renal?
Ø  Nicolaides,K & Pilu,G (hidronefrose leve):
o   Entre 15 e 19 semanas:  >04mm.
o   Entre 20 e 29 semanas: >05 mm.
o   Entre 30 e 40 semanas: > 07 mm.

Ø  Tabela - Classificação publicada na revista Pediatrics (revista oficial da American Academy of Pediatrics).

Ø  The Australian Society for Ultrasound in Medicine defines hydronephrosis according to gestation by antero-posterior renal pelvic diameter.
18 - 20 weeks
  4mm
 32 weeks
  6mm
 any gestation
 10mm (regarded as severe hydronephrosis)



Atenção: Se a causa for uma obstrução bilateral com Oligodramnia, estreitamento do tórax fetal e cistos bilaterais – o prognóstico é bastante reservado
(PERALTA, Cleisson Fábio Andrioli et al. Uropatias obstrutivas bilaterais fetais: sinais ultrassonográficos durante a gravidez e evolução pós-natal. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2009, vol.31, n.11 [cited  2013-12-15], pp. 540-546 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032009001100003&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0100-7203.  http://dx.doi.org/10.1590/S0100-72032009001100003.).

Atenção: Hidronefrose leve é encontrada em cerca de 2,6% dos fetos cromossomicamente normais e 17,6% dos pacientes com trissomia do 21
(Nyberg DA, Souter VL, El-Bastawissi A, Young S, Luthhardt F & Luthy DA(2001) Isolated sonographic markers for detection of fetal Down syndrome in the second trimester of pregnancy.J Ultrasound Med, 20, 1053–1063; Bromley B, Lieberman E, Shipp TD & Benacerraf BR(2002) The genetic sonogram. A method of risk assessment for Down syndrome in the second trimester.J Ultrasound Med, 21, 1087–1096).

Links complementares:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-72032003001000005&script=sci_arttext