segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Golf Ball - foco ecogênico intra-cardíaco





Foco ecogênico intracardíaco (FEI): Também chamado de Golf Ball, na ultrassonografia é um ponto hiperecogênico (muito branco) que pode ser encontrado nas cavidades do coração, contudo é mais frequente no ventrículo esquerdo.

Existem explicações para a formação do Golf Ball: uma delas é a formação de microcalcificações nos músculos papilares; outra é que seria uma reflexão especular (artefato ultrassonográfico) do músculo papilar.

Frequência: cerca de 5% da população sem alterações cromossômicas. Mas com estudos de até 20%. Como os aparelhos melhoraram as suas imagens provavelmente serão vistos mais focos ecogênicos intracardíacos.

Em estudo de 6904 participantes (Huggon et al, 2001) foram encontrados 905 casos de foco ecogênico intracardíaco.  Foram identificados 80 casos com síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21), destes 28 (35% dos casos de Down) tinham focos ecogênicos intracardíacos; dos casos sem Down, a incidência foi de 12%, levando a um risco relativo de 2,9 (significa dizer que ter Golf ball tem um risco "relativo" 2,9 vezes maior de ter Down comparado a quem não tem Golf Ball). Lembrando! Isto é um risco e não uma certeza! Pois a frequência de foco ecogênico intracardíaco é grande, veja que neste estudo foi de 12%.

Outro estudo (Aquiron et al, 1997), não encontrou associação de FEI com síndrome de Down. A probabilidade de ter um feto com síndrome de Down por ter um FEI era de 0,02% (1 em cada 500 gestações). Eles concluíram que a presença de FEI (Golf Ball) não deve ser considerado um fator importante para realizar um procedimento invasivo como uma amniocentese, e estudar o cariótipo, pois o risco de perda da criança com o procedimento é maior que a probabilidade de ter uma criança com Síndrome de Down!

Outro estudo de 2010 (Gupta et al, 2010), encontrou uma prevalência (frequência) de FEI de 6,3% (48 paciente) nos casos estudados (762 pacientes). Dois casos tiveram cariótipo alterado, mas apresentavam outros marcadores para cromossomopatia;  38 casos apresentaram apenas o FEI isolado e nenhum dos fetos apresentou alteração cromossômica ao nascimento.

Estudo de HUANG e colaboradores (2010), com 7118 pacientes, encontrou 200 pacientes com FEI isolado e nenhum dos casos apresentou síndrome de Down.

Em 2013, um estudo de revisão, que trás a referência de 47 artigos, expressou que a etiologia do FEI não está clara, múltiplos focos ecogênicos parecem merecer maior investigação e FEI isolado não é uma indicação para avaliação cardíaca ou para procedimento invasivo.

Leitura complementar:
Schechter AGFakhry JShapiro LRGewitz MH. In utero thickening of the chordae tendinae. A cause of intracardiac echogenic foci. J Ultrasound Med. 1987;6:691–695.

Huggon, I. C., Cook, A. C., Simpson, J. M., Smeeton, N. C. and Sharland, G. K. (2001), Isolated echogenic foci in the fetal heart as marker of chromosomal abnormality. Ultrasound Obstet Gynecol, 17: 11–16. doi: 10.1046/j.1469-0705.2001.00307.x

Achiron R, Lipitz S, Gabbay U, Yagel S. Prenatal ultrasonographic diagnosis of fetal heart echogenic foci: No correlation with Down syndrome. Obstet Gynecol. 1997;89(6):945–8. 

Gupta G, Aggarwal S, Phadke SR. Intracardiac echogenic focus and fetal outcome. J Clin Ultrasound. 2010;38(9):466–9. 

HUANG, S.-Y., SHAW, S.-W., CHEUH, H.-Y. and CHENG, P.-J. (2010), Intracardiac echogenic focus and trisomy 21 in a population previously evaluated by first-trimester combined screening. Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica, 89: 1017–1023. doi: 10.3109/00016349.2010.485631

Rodriguez R, Herrero B, Bartha JL. The continuing enigma of the fetal echogenic intracardiac focus in prenatal ultrasound. Curr Opin Obstet Gynecol [Internet]. 2013;25(2):145–51. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23340246

Nenhum comentário:

Postar um comentário